quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

A minha tarde de trabalho foi das piores de sempre... Ter tanta dor ao meu lado e sentir a impotência, a quase vergonha, de não poder enquanto médica e enquanto ser humano paliar a dor de pais que se despedem do seu filho... A luta já a perdemos para um caçador furtivo de vidas em início, um tumor instalado e disseminado, que em todas as batalhas foi ganhando terreno, doendo cada vez mais no corpo dele e na alma de todos... Pouco mais de uma década de vida e agarrado por um sopro ao que resta dela, afagado, paliado, assim espero, por analgésicos potentes para que a dor física o abandonasse entregue apenas ao carinho de uma família inteira que se despede... Assim o deixei ao sair do turno. Trouxe-os a todos no coração. Por mais anos que viva, por mais experiência que tenha, o coração chorará sempre e a razão perguntar-se-à sempre porquê...

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