sexta-feira, 28 de junho de 2013

Festa e despedida

Hoje foi dia de festa e despedida. Dia de festa porque completámos o nosso estágio na Neonatologia e levámos bolo, mas para nos despedirmos daquele sítio, daquele casulo que é a Neo e daquelas pessoas, algumas tão queridas, que nos trataram tão bem (alguns colegas, muitas enfermeiras, todos os auxiliares e a administrativa)... E despedimo-nos da nossa querida B princesa grão de arroz, que, tal como nós, abandonou hoje a Unidade depois de 3 meses de crescimento e muita luta entre as 500g e os 2kg! A mãe não conteve a emoção e nós também não. Ela agradeceu-nos e nós agradecemos-lhe pela B porque a presença dela fez milagres na história da filha. Um sabor doce para a partida. Um sabor a esperança, a vontade e a força. Uma prova que é possível sentir um gostinho doce no meio de tanta amargura. O quarto rosa da B espera por ela (tal como o equipamento para fornecimento de oxigénio, que a mãe tão carinhosamente quer pintar para condizer com o quarto) e a mim, depois do dia de amanhã que ainda é de trabalho na Unidade, espera-me um novo estágio, mais um dos muitos recomeços da minha história pediátrica.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Voltei! Depois de uma semana de trabalho caótica e um fim-de-semana compriiido entre Viseu e Lisboa (traí o São João no Porto, é um facto), estou de volta à Invicta. E que fim-de-semana com gostinho bom! Muito namoro, visita a uma quinta que conquistou o meu coraçãozinho de noiva, jantar de São João com os papás (e o noivo 'tá claro ;)) e tempo de qualidade passado entre amigos, incluindo uma despedida de solteira com muita gargalhada (R. o teu grande dia está quase quase e eu mal posso esperar!)... que mais se pode pedir? E agora de volta ao trabalho árduo... O estágio na Neo acaba esta semana. Ensinou-me muito mais do que ciência e por isso estou agradecida. Pelo que vi viver e pelo que passei. Até os momentos de quase explosão contra uma exigência a rondar a injustiça foram úteis. Fizeram-me crescer, foram mais um tijolo na construção do que sou e quero ser e como bónus ensinaram-me quase tudo sobre "anger management" ;)! E assim vamos, neste dia-a-dia rolante até ao próximo fim-de-semana. Pelo meio muito pedido de orçamento nos intervalos do(s) trabalho(s) e estudo.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Lidar com a dor

Por que é que a Neo pode ser um local de extrema alegria, mas também de situações profundamente dolorosas? Porque é um local onde são geridas expectativas. E eu tenho a profunda crença de que não há nada pior na vida que expectativas. Ali são depositadas expectativas com a duração dos meses de uma gestação (para além dos meses ou anos prévios de planeamento) que culmina cedo demais criando pais prematuros, de bebés prematuros, que embarcam juntos numa luta diária, e também as de pais de termo, de bebés de termo, aos quais o infortúnio bateu à porta precocemente. E vêem-se os pais a lutar de formas diferentes, em tempos diferentes, com as suas expectativas. Quando a situação lhes é explicada como grave ergue-se, habitualmente, um muro de negação profunda que, profilaticamente, lhes cega a vista e tolda a mente, dando depois lugar, paulatinamente, a um desespero escalado e lacrimejante de quem se vai confrontando aos poucos com o real. E depois a fuga ou a resiliência. Uns tristemente reagem com algum afastamento, desligando um bocadinho daquele bebé fechado numa caixa de cristal, que, de tanto ser cuidado pelas fadas enfermeiras, lhes parece menos seu, ou, pelo menos, como mecanismo de proteção, lhes é mais fácil que pareça. Outros há que se mantêm lá, presentes e constantes, na luta para reclamar o que é tão seu... Chegam cedo, querem aprender, arregaçam as mangas, oferecem o colinho para fazer canguru, as mães tiram leitinho e mais leitinho porque é ouro para o filho, embora este, por vezes, só mame 4mL divididos num dia inteiro... Não sofrem menos, mas entregam-se mais, não se abandonando à total desesperança. E estes bebés têm evoluções muito mais favoráveis. O envolvimento dos pais que conseguem vencer (ou pelo menos não se deixar paralisar por) as suas lutas internas é primordial, mas somos todos diferentes, lidamos todos com a dor de formas diferentes, temos histórias e contextos diferentes e não se pode condenar o afastamento. Há que saber trabalhá-lo e contriá-lo, envolver os pais numa vinculação que se quer construída com alicerces fortes, pelo bem de ambas as partes.
Confesso que me custa muito lidar com a negação, em particular, porque sei a dor latente que esconde, porque sei que mais cedo ou mais tarde, à luz das evidências ou da reconstrução mental, a realidade começa a eclodir causando uma dor crescentemente asfixiante. O segredo é estarmos lá, ao lado dos pais, presentes, sabendo respeitar os mecanismos de "coping" de cada um e sabendo lidar e falar com eles sem "sugar-coating" e sem crueldade, num equilíbrio que se aprende e trabalha ao longo da prática clínica.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

O quadro que me arrebatou na National Gallery:

"The Grand Canal", Veneza 1908, de Claude-Oscar Monet, a retratar a Santa Maria della Salute.

I wonder why... ♥♥♥

domingo, 16 de junho de 2013

LDN

Londres continua fabulosa, Londres continua non-stop, Londres continua a ser orgulhosamente antiga, tradicional e histórica ao mesmo tempo que fervilhantemente surpreendente nas mil e uma novidades que surgem a toda a hora, em cada esquina! Oferta cultural inebriante, monumentos icónicos, dos quais nunca ninguém se cansa, e uma multiculturalidade já impressa, ao mesmo tempo que deambulante, pela cidade. Nunca se conhece Londres totalmente e eu nunca me importarei de voltar. Desta vez tirei férias para fazer um curso, na companhia da minha querida amiga A.. Um curso que adorei, no Hospital onde Sir Fleming descobriu a penicilina, e que me abriu a mente a novas perspectivas num tema a que gosto de dedicar tempo. Nos tempos livres deu para ver, rever, visitar, shoppingar, tudo um pouco... Pena que o ♥ tenha ficado em Portugal e a vontade de voltar para ele já apertasse. Desde que cheguei matámos poucas saudades porque hoje já trabalhei o dia todinho (e já sofri bastante com muitas situações que presenciei)... A contar as horinhas para o próximo f-d-s que é comprido :)
O "nosso" apartamento


A maravilhosa Serpentine Gallery em Hyde Park




Hamley's ;)




Jantarzinho num dos Jamie's (Oliver) Italian




Típico Pub, típico fish and chips (not a fan)

St. Mary's Hospital







Saatchi Gallery

Portobello Road

quinta-feira, 6 de junho de 2013

My W Day

Adoro casamentos. Toda a gente que me conhece sabe. Vestidos, decorações, flores... Mas agora sou eu a noivinha! E a decisão é difícil entre tanta escolha, tanta possibilidade, tanta coisa gira que hoje há, em balanço com um orçamento consciente. Mas tenho um ano inteiro para isso e levo-vos a todos na viagem ;) Acima de tudo quero que seja um dia especial não só para os dois, mas para a família e amigos, que espero que se divirtam muito e celebrem o nosso amor de forma relaxada e descontraída. A expectativa quero que seja só essa. Um dia muito feliz, bem passado para os convidados, com muitos sorrisos e muito boas vibrações. O sentimento estará lá, o decor cuida-se, as memórias criam-se. E cá vou eu embarcar no comboio lento e compassado dos preparativos, sem me tornar uma bridezilla, hopefully!






quarta-feira, 5 de junho de 2013

Só assim para aguentar os dias...
E desde que voltei do sonho, aterrei no pesadelo. Trabalho que não pára e os pendentes todos a choverem em telefonemas e reuniões! E a constante constatação da podridão dos dias que vivemos em que somos quase obrigados a achar "normais" comportamentos e ações reprováveis. Em que a hipocrisia, o cinismo e sonsice vencem o esforço, determinação e verdade... Não, não consigo. Hipocrisia, boca calada e dizer a tudo amen não são comigo... Tenho muita transparência na face e uma língua demasiado afiada... Perco mais do que o que ganho? Talvez sim. Mas continuo fiel aos meus princípios, para o bem e para o mal... 
Ai eu estava tão bem na Itália, contigo, longe disto tudo, sem pensar e só a viver e ser feliz!

Veneza, Verona e Milão ♥

Por onde começar? Foi das melhores semanas da minha vida! Ao lado do meu Amor, a passear por cidades deslumbrantes e... a pisar novamente solo português como noiva! O pedido dele seria sempre especial, em qualquer lugar do Mundo, em qualquer circunstância, e assim foi, único, nosso e inesquecível. Com Veneza aos pés, na escadaria da Basílica de Santa Maria della Sallute e, por coincidência das coincidências, depois de ter acendido uma vela ao Santo António no interior da mesma. O sentimento cresceria sempre e permaneceria forte independentemente deste novo passo, contudo não nego que sabe/está a saber muito bem dá-lo. Estava muita gente à volta, mas naquele momento éramos só os dois. Palavras e anel (lindo!!) trocados, tendo como pano de fundo uma cidade que ficou no topo das minhas preferências. Dizem que se ama ou se odeia Veneza. Eu venerei. Cada viela labiríntica é uma imagem de cinema, tem recantos que parecem desenhados por pintor e um espírito indescritível, só sentindo. Tropeça-se em basílicas e igrejas belíssimas. E com a enorme vantagem de se estar sem ver ou ouvir carros durante a estadia... Só vielas de água, algumas, autênticas auto-estradas, com um movimento incessante, ladeadas por edifícios de cores quentes, recheados e transbordantes de história. O hotel era um amor, super bem localizado (recomendo - Hotel San Luca Venezia), com quartinho ao melhor estilo veneziano, sendo que até tivemos direito a um simpático up-grade. E depois a ilha de Murano (também nos ofereceram a viagem de ida por táxi aquático no Hotel) com os seus vidros multi-coloridos, tal como muitas outras que pudemos ver apenas do barco, a comidinha Italiana e gelados fantásticos compõem um cenário tão saboroso como deslumbrante. Será sempre mais uma das nossas cidades ♥
Outras sugestões a não perder: geladinhos na Venchi (o meu noivo ;) adorou os de chocolate), cicchetti (petiscos) na Cantina do Mori e um cocktail veneziano (spitz) no Ai Do Draghi. 


























Seguimos depois para Verona. Uma cidade pitoresca, com a sua Arena bem preservada e, claro, com a famosa Casa de Giulietta. Esta última meramente comercial, tristemente pouco cuidada ou respeitada. Centenas de milhares de pastilhas elásticas recobrem as paredes contendo ou sustentando juras de amor. Para além delas, milhares de cadeados e duas lojinhas estratégicas constituem a base da famosa varanda e ladeiam a estátua da própria Giuletta, à qual é impossível tirar um foto sem apanhar um turista a colocar a mão num dos seios (sim, ridículo mesmo...). A Piazza delle Erbe é encantadora e merece a visita também. E em Verona comi o melhor gelato. Se lá forem parem na Gelateria Emmanuel, vale mesmo a pena ;)! Não nego que a abandonei com um gostinho de desilusão. É uma cidade linda, mas esperava mais, talvez porque comparada com Veneza que me arrebatou...





E, de seguida, Milão. Capital da moda. Com lojas de enlouquecer, mas claramente a última no ranking deste trio. O Duomo é deslumbrante. É verdade que se sai do Metro e se sente um baque perante a grandeza. O interior vale a visita e o perder tempo a admirar cada detalhe. As Gallerias Vittorio Emanuele são pequenas em relação ao que imaginava, mas muito bonitas. Atravessando-as chegamos ao La Scalla e desiludimo-nos, pequeno e sem graça, mais à frente e após uma caminhada (quantas fizemos...) chegamos ao Castelo Sforzesco e somos abalroados por muitos vendedores ambulantes mal intencionados, apesar disso segue-se o tranquilo parque Sempione encimado pelo imponente Arco della Pace que valem os kilometros. Pelo caminho é essencial uma visita à Pinacoteca di Brera, com obras fascinantes do Renascimento. O problema de Milão é que fora estas zonas e o Quadrilatero de Ouro (zona das lojas em que só se olha e não se compra, se se tiver a minha conta bancária) há muitas zonas pouco limpas e pouco cuidadas. Sugestões gastronómicas: geladinhos da Grom, panzerotti Luini (perto do Duomo, baratinhos e muito bons), as famosas pizzas Spontini (em que a fila é tanta que estamos a acabar de engolir e já temos alguém a sentar-se na nossa mesa) e um restaurantezinho na zona de Navigli (zona de canais construídos para o transporte do mármore necessário para edificar o Duomo), o Luna Rossa em que comemos a especialidade - uma quantidade incrível, mas deliciosa de pasta ai frutti di mari!

Durante a estadia em Milão, demos uma escapadela ao Lago Como. Lindo, brilhante, a espelhar o céu e ladeado de montanhas e neve, casas fantásticas em sucalcos e vielas bem cuidadas a circundá-lo onde apetece estar e passear. Vale mesmo a visita.









Podia estar aqui horas a escrever, mas é impossível reproduzir fielmente sentimentos, sensações e imagens que guardarei com todo o carinho na retina e no coração. O mais especial de todos, o nosso, ou os nossos, que todos juntos foram uma reprodução do quão felizes somos juntos, ali ou em qualquer ponto do Mundo.