quarta-feira, 27 de março de 2013

CAN-SA-DA. De desigualdades. De sentir e ver o desânimo espelhado nos olhos de colegas. Tanta luta, tanto esforço para esta paga? Para este desrespeito? Para esta prisão de impossibilidades formativas? Para não nos deixarem crescer, aprender, ser mais e fazer mais pelos doentes? De "ah o país está mal e por isso vocês, mesmo indo a custos próprios, mesmo tendo de pagar toda e qualquer uma das urgências, quando regressam, aos colegas que vos substituem (em horário normal), não podem, porque nós não queremos, fazer formação no exterior". Sinto-me presa. Presa ao dito "melhor hospital do país". Que no final ainda dá negativas a quem formou, a quem tem um currículo de quase 20, dados por júri nacional, mais que muitos conhecimentos e capacidades, e a quem nunca lhe falhou em sangue, suor (e tantas vezes) lágrimas. Eu dou tudo, eu resisto à negatividade, eu aceito que há que fazer o que tem de ser feito e nunca viro as costas a trabalho, nem sei pronunciar um não, e o que recebo em troca? Quando chegar ao momento da verdade vou concorrer por vagas com colegas que puderam fazer formação diferenciada e eu? Pude fazer o que havia... Resumindo: CAN-SA-DA. E tenho nos próximos dois dias 36h de trabalho naquele Hospital que é a minha casa há 10 anos, mas que cada vez me parece menos familiar.

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