segunda-feira, 18 de março de 2013

Brilho

"Mamã a doutora cheira bem e parece uma menina..."
"Posso dar um beijinho? Afinal não és má..."
"Congela... para um dia ser teu namorado quando crescer"
"Também gostas da Kitty?"
"Porque guardas tantas coisas no bolso? É para dar aos meninos?"
"O que estás a ouvir com o telescópio??" (leia-se estetoscópio)
...
Pedaços da melhor profissão do Mundo, a minha.
Renovações constantes da energia necessária para a luta diária que é ser interna.

Mas o melhor não é falado, é olhado... o brilho cristalino e puro de inocência do olhar de quem tudo está a descobrir, bochechas carmim flamejante, sorrisos sinceros recheados de dois dentes, bracinhos que se esticam para agarrar o Mundo no centro do seu, perninhas que, numa marcha cambaleante, dão os primeiros passos num caminho de terra batida, muito acidentado, que se chama vida.

Realmente crescer é uma grande armadilha, que enreda muitas qualidades em redes escuras de pescador, cheias de preocupações, reflexões, lixo de memórias que deviam ser apagadas para todo o sempre... Embacia-nos, acinzenta-nos, entorpece-nos... O Mundo não pára de surpreender quando crescemos, nós é que nos esquecemos de nos espantar e apreciar a beleza do que temos e do que nos rodeia.

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