segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O caso Sócrates agita o nosso país. E todo e qualquer um parece ter uma opinião. E neste momento o país não pode viver ao sabor delas. Tal como temos de presumir inocência até declaração de culpa, também devemos presumir que o nosso sistema judicial está a conduzir o caso de forma correta e que o vai levar a bom porto. Se já temos "pré - conceitos"? Pois claro que temos e eu tenho os meus. Mas figuras fulcrais formadoras de opinião da nossa sociedade revoltarem-se contra a forma como a detenção foi conduzida, acharem que há fusão de poderes e não a necessária e primordial separação dos mesmos e bradarem às supostas quebras ao segredo de justiça é demasiado primário e ridículo. Nós não sabemos contornos, nem temos de os saber. Quem sabe jogou com eles e agiu, temos de acreditar nisso, em conformidade com os mesmos. E quanto ao segredo de justiça, todos os dias temos gente a falar nos programas da manhã acerca de variados crimes menores ou maiores, expondo criminosos e contextos... Será menos reprovável por serem maioritariamente acerca de pessoas com menos visibilidade? Não seria de esperar que a investigação conduzida pelos próprios jornalistas levasse à publicação dos contornos do caso sem que isso seja uma quebra do segredo? Até agora todos pensamos com base em meras suposições. Para cada história há muitos lados e nós, meros cidadãos (não super-juizes ou delegados do MP), temos de esperar até que seja apurada toda a verdade, divulgada e sejam culpados os criminosos e libertados os inocentes.

Adenda a 25/11: Se não devemos culpabilizar também não devemos vitimizar... Uma notícia do Sol a comparar Sócrates a Mandela, falando da dor dos socialistas? Mas que país e que jornalismo é este? Eu juro que um dia desisto de compreender... Tal como a notícia de ontem do Público em clara propaganda política fabricada ao político "de cor" (sim eles dizem isto e falam do percurso, com laivos de referências ao racismo latente ao "descendente de goeses brâmanes") que "será" o próximo PM, com timing tão brilhante...
Para quem acha que há moldagem da decisão judicial pela opinião pública, será tão deformador o linchamento em praça pública como as ondas de vitimização que se prendem com os meios e esquecem os meandros. Ambas, julgando a atuação, poderiam forçar decisões em sentido contrário. Don't get me started na vergonha de debate que ocorreu ontem à noite na Sic Notícias. A (rainha do pedantismo em movimentos, atos e palavras) CFA e o (mas porque é que este senhor ainda é comentador?) MST deviam ter vergonha... Que sabem eles sobre o processo para emitir aqueles juízos? Não sabem, nem têm de saber.  O processo que corra e quem é capaz para isso que o resolva e nós continuamos a nossa vidinha.

Sem comentários:

Enviar um comentário