segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O bairro

Os meus avós viveram quase toda a sua vida ali, só recentemente se tendo mudado para nossa casa. A minha mãe cresceu ali e eu e o meu irmão seguimos-lhe as pisadas. Um lugar de gente pobre, mas honesta, em que todos se conheciam, em que todos olhavam uns pelos outros. Ali aprendi o que significa ajudar, graças às duas mulheres a quem devo tudo, a minha mãe e a minha avó, que sempre estenderam a mão aos vizinhos, sempre se preocuparam com o outro. Ouvi histórias contadas pelo meu avô sentada no parapeito daquela janela. Construí as asas da minha imaginação naquele quintal. Sempre fui "a menina" naquelas ruas. Aprendi que a diferença não existe, partilhando brincadeiras com a querida Ana, que podia não se mover tão agilmente como eu, mas cuja alegria de criança seguia à mesma velocidade que a minha...
Este fim-de-semana muitas das casas, que sempre ali conheci, tinham desaparecido. Só restava pedra. Bem sei que é necessário dar melhores condições a todos aqueles moradores que foram ficando, ou que ocuparam de novo aquelas casas, às quais o tempo já tinha feito mossa. Mas dói ver materializado que, aquilo que para nós o pode parecer em dado ponto, nunca é, na realidade, perene ou imutável. 

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