quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A queda da folha...

A mal afamada queda da folha em conjunto com a muito falada crise estão a gerar um clima de tensão gigante entre as pessoas... No caso do meu mundo, os doentes não concebem esperar, deixaram de ter possibilidade de ir ao privado, mas não percebem as longas filas de espera no público. Nós, os médicos, estamos pressionados, como tantas outras classes, a fazer mais, muito mais, por menos e a custos pessoais completamente absurdos (um especialista contratado para 40 horas de urgência semanais, ou mais, todas as semanas, todo o ano, por ordenado igual ao de interno?!) e continuamos a ser poucos a fazer o trabalho de muitos na urgência, completamente esgotados... Os internos com perspectivas futuras destas (ou se aceita isto ou se recebe uma carta de despedimento) onde vão buscar incentivo para trabalhar 50..60..70h por semana e ainda estudar, fazer trabalhos e apresentações, e lutar por formação diferenciada? Para quê almejar uma carreira em áreas específicas se estaremos reduzidos a isto no final? 
Nas ruas a realidade é a mesma, desesperança, tristeza, abandono constante deste país (todos os dias na consulta alguma das mães me diz que é a última pois a família vai emigrar)...
Espero que este Outono acabe, mas isso porque sou estupidamente otimista e porque me recuso a aceitar que não há solução. No dia em que o meu otimismo se esvair e der de caras com a brutal realidade, talvez também queira fugir daqui o mais depressa possível.

Sem comentários:

Enviar um comentário