terça-feira, 5 de fevereiro de 2013


Nós trabalhamos por uma causa, prestamos um serviço, que é quase um sacerdócio, e, muitas vezes, se entrelaça finamente com o que nós somos. O fim último é o bem-estar biopsicossocial da criança, mas o ganho secundário é o reconhecimento dos pais. Aquece o coração. Faz sorrir a alma. Renova a vontade de fazer o que fazemos mais e melhor. 
Hoje sentia-me no fundo do poço do cansaço, depois de mais uma quase direta, a segunda no espaço de 3-4 dias, mas uma mãe aguardava-me no corredor, para me agradecer. Não era preciso, disse eu com sinceridade, porque o sorriso da I., que brincava feliz com a sua luva-balão, era, em si, o prémio. Mas ela agradecia a minha entrega e é bom quando alguém repara, é bom quando alguém nos valida, é bom quando alguém nos reconhece o esforço de sempre, igual para todos, mas único para cada um. Faz querer retribuir o que nos reconhecem, a todos, e lutar por ser melhor, por todos. E fez-me ganhar um dia que estava, graças ao cansaço, quase perdido para uma melancolia galopante.

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