terça-feira, 4 de março de 2014

It's too cold outside
For angels to fly

Amanhã o F. faz um ano. Passei muitos meses desta curta vida a vê-lo. Os primeiros, com ganhos e conquistas diárias, que ele ia vencendo, convencendo-nos que era possível e reforçando a coragem de uma mãe que lutou e luta sempre, lado a lado com ele. Uma Senhora firme, que nunca baixou os braços para a desesperança, uma Senhora que vai buscar forças ao fundo do seu ser Mãe para aguentar todas as provações. Hoje o F. está gravemente doente. Mantido por nós com fios que fazem todo um corpinho cansado funcionar, fios que nós manipulamos para o bem, mas que, invasores que são, lesam. Tenho saudades do sorriso a custo que me dava, do arquear de sobrancelhas quando me aproximava do quarto, de como ele adorava brincar com o seu tucano... Mas tudo o que quero é que seja possível minorar-lhe a dor. A ele e aos seus. Este caminho descendente prolongado já teve contracurvas que me deram esperanças renovadas, mas a sua duração tem servido para ir aceitando lentamente a gravidade da situação, para perceber que tanto, mas tanto, não está no nosso controlo e que há que traçar uma linha, dolorosa, muito dolorosa, sobretudo quando há uma ligação como eu já tinha com ele, entre o que trata e o que só lesa. Contudo, a minha esperança não morre, porque, como diz a Mãe "se ele luta, eu tenho de lutar".

1 comentário:

  1. a Mãe é um ser maravilhoso, sempre tão cheia de força mesmo quando cansada! e essa última frase só comprova isso! Esperança! Força!

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