quinta-feira, 18 de julho de 2013

7 meses fez ontem o I. Festejámos o mesiversário. O 7º passado num Hospital. Ainda não conhece a sua casa. Um percurso muito difícil, com muitos penhascos e desfiladeiros, graças a uma Natureza que nos dá tanto, que é tão incrivelmente surpreendente, mas que também ela erra, também ela é amargamente imperfeita... O I. depende de uma maquineta para se livrar de tudo quanto é impuro, uma vez que os seus rins não o conseguem fazer... Logo ele, que é o cúmulo da pureza, com olho gigante e atento, bochechinhas pálidas e fofas como nuvens, sorriso carmim, que derrete a pedra mais dura de todas as pedras da calçada, e gracinhas que nos fazem colar naquele quarto onde só entramos de bata, máscara e luvas... Depois de vezes sem conta ser planeado, mas nunca concretizado, devido a malditas infeções que decidem invadi-lo através da portinhola aberta na barriga, o projeto alta está de novo em andamento. Médicas medrosas vivem o dia-a-dia com o coração nas mãos, abrem os estudos analíticos sempre com receio que o plano traçado caia novamente por terra, alegram-se e vibram quando ele consegue mamar um pouco mais, vomita um pouco menos, filtra cada vez melhor... E uma mãe gere, mais uma vez e sempre, a expectativa. Quer muito levá-lo para casa, tanto, que ela mesma assumirá a tarefa de gerir a maquineta horas e horas a fio, o já está muito capaz de fazer, mas que é uma tarefa hercúlea. Será duro, muito duro, avisamos nós. Quero-o em casa, reponde ela. Recebe-nos sempre com olhos transbordantes de ansiedade e nós só queremos dar-lhe boas notícias, dia após dia. E vamos dar. E aos 7 meses o I. vai conhecer a sua casa. É essa a esperança, é essa a luta, e recuso-me a pensar no contrário.

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