Hoje está um dia de sol lá fora, mas o meu coração está cinzento.
Há pessoas que passam na nossa vida e deixam uma marca. Uma marca de alegria, de força, de bondade, de altruísmo. Admiramos a sua fibra, inspiramo-nos no seu carácter, no seu sorriso constante, na maneira como atendem a todos os pedidos abdicando de si, na maneira como se dão aos outros, fazendo todo e qualquer um sentir-se importante. E só esperamos que essas pessoas tenham a compensação da sua bondade, ou, pelo menos, que os sofrimentos maiores da vida lhes sejam poupados, já que não o infligem e o poupam ao outro. E esta seria a lei natural do "you get what you give", se este fosse um Mundo minimamente justo. Ser-lhes-ia retribuído tudo o que dão aos outros. Mas não é assim. A vida consegue ser tão incrivelmente madrasta, tão incrivelmente ingrata... Eu acredito em algo superior, eu esforço-me todos os dias por acreditar em Deus, ainda que seja por vezes difícil para uma cabeça treinada na ciência, mas nestes momentos não consigo encontrar razões na minha fé para perceber como é que tamanha provação pode ser colocada a quem só faz o bem. Uma provação que pode destruir uma vida... Parecendo paradoxal, e acreditando que o acto de crer sem ver, apesar de parecer pouco coerente como construto mental, é a maior das inteligências como poder de adaptação a um Mundo tão duro, só nos resta, nestas alturas, rezar e pedir a Deus (ou a algo que acreditemos exista maior que nós, simples peões) para que o tamanho da sua provação não destrua o carácter tão incrível que Ele mesmo criou, esperando que esse mesmo carácter seja capaz de vencer, superar, curar a dor excruciante e torná-la cicatriz, memória viva, mas menos dolorosa, dos obstáculos gigantes superados.
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